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Brasil e China aprofundam cooperação em governo digital com participação estratégica do Serpro

Em desdobramento à missão oficial do governo brasileiro na China, liderada pelo programa do MRE Diplomacia da Inovação em parceria com o Consulado brasileiro em Xangai, o Serpro participou de novas agendas estratégicas com autoridades centrais de tecnologia do governo chinês, em Pequim, consolidando sua atuação como braço tecnológico do Estado brasileiro em fóruns de alta complexidade.
A assinatura do acordo de cooperação entre o Serpro e o China Academy of Information and Communications Technology (CAICT), nesta semana, marca um avanço significativo na presença internacional da empresa e na consolidação de parcerias com atores centrais da transformação digital global. O acordo estabelece uma agenda de intercâmbio técnico voltada ao desenvolvimento de soluções inovadoras e à definição de padrões para a governança digital e o uso da inteligência artificial no setor público.
Vinculado ao Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, o CAICT é o órgão responsável por traçar os eixos estratégicos da digitalização do governo central chinês. Sua atuação combina a formulação de diretrizes, pesquisa aplicada e definição do rumo tecnológico de um Estado com uma das arquiteturas digitais mais complexas do mundo.
“O acordo potencializa uma cooperação em que o Serpro contribui com a expertise de operar soluções em larga escala para mais de 200 milhões de brasileiros, enquanto a China traz sua força em pesquisa aplicada e formulação de diretrizes para o futuro digital sustentável dos Estados”, afirma André Agatte, diretor de Negócios, Governo e Mercados do Serpro.
Inteligência artificial como pauta estratégica
De acordo com Rafael Ferreira, gerente de Internacionalização do Serpro, a China busca referências práticas para estabelecer diretrizes regulatórias e padrões tecnológicos em inteligência artificial. “O Brasil tem muito a colaborar com a China, sobretudo neste momento, pois ambos os países estão criando as estruturas legais e técnicas que vão suportar os próximos passos da infraestrutura pública digital e do uso ético de dados”, afirma Ferreira.
O Brasil traz para esse debate uma abordagem baseada em um modelo evolutivo de integração: usar, conectar e, a partir disso, permitir que o padrão emerja do uso coletivo. “Não buscamos uma padronização formal e rígida para definir previamente os padrões técnicos da IA no contexto do BRICS. A ideia é que a adoção prática, escalável e culturalmente sensível dos modelos seja o motor para consolidar padrões mais eficientes”, sinaliza Ferreira.
Mesa-redonda com lideranças locais de tecnologia
Outro destaque da agenda foi a participação do Serpro em uma mesa-redonda com representantes da TI municipal de Xangai, da iFlytek, empresa líder em inteligência artificial na China, e com o coletivo de mulheres em tecnologia. O encontro promoveu reflexões sobre os impactos sociais da IA, com destaque para a desigualdade de gênero no setor de tecnologia, ainda mais acentuada na China, e para os desafios de compartilhamento de dados entre instâncias do governo local e nacional, um tema que chamou atenção da delegação brasileira pela diferença em relação ao modelo federativo do Brasil.
“A soberania sobre dados e infraestrutura segue no centro das nossas contribuições aqui. Foi uma agenda rica em contrastes, mas também cheia de pontos de convergência. A cooperação internacional se fortalece quando conseguimos reconhecer nossas diferenças e, ainda assim, construir soluções tecnológicas públicas com valores compartilhados”, completa Agatte.
Brasil que pensa o futuro do Estado
Com mais essa rodada de compromissos, o Serpro reforça seu papel como representante técnico do Brasil nas discussões que moldam os rumos do governo digital global. A missão posiciona a estatal de TI do governo federal como protagonista na construção de soluções públicas baseadas em inteligência artificial, soberania digital e cooperação internacional.
Em breve, o Serpro retorna à China para ministrar treinamentos sobre os modelos adotados no Brasil, especialmente no que diz respeito à soberania digital e à operação de nuvem pública com controle estatal. A agenda também inclui a participação brasileira nas discussões internacionais para regulação da IA no contexto do BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.