Notícia
Cultura
Dia Mundial do Emoji: como símbolos simples e expressivos ganham novos significados entre gerações

Pouco a pouco a forma como nos comunicamos vai evoluindo e, no mundo das redes sociais, tecnológico e até mesmo corporativo, não é diferente. Há muitas formas de se comunicar com outra pessoa: linguagem informal, formal, escrita, abreviada. E existe uma outra linguagem totalmente própria, que tem ganhado cada vez mais espaço no cotidiano: os emojis.
Os emojis, inicialmente criados no Japão nos anos 1990, evoluíram de ícones simples para uma vasta biblioteca de símbolos. Em 2025, existem mais de 3.600 emojis, abrangendo emoções, objetos, alimentos, bandeiras e representações culturais. Nesse contexto, os emojis surgiram como uma forma de complementar textos, adicionando emoção, humor ou clareza a mensagens que poderiam ser mal interpretadas. Por conta dessa disseminação, ganharam até uma celebração global, comemorada anualmente desde 2014, no dia 17 de julho: o Dia Mundial do Emoji.
Com o avanço da tecnologia, a comunicação evoluiu de cartas e telefonemas para mensagens instantâneas, redes sociais e plataformas de vídeo. Ferramentas como WhatsApp, TikTok, X e aplicativos de videoconferência introduziram novas dinâmicas, onde a velocidade, a brevidade e a expressividade são valorizadas. Além dos emojis, novas formas de comunicação ganharam destaque como: memes, GIFs, stickers, áudio e vídeos curtos.
Conflitos e mal-entendidos geracionais
No ambiente de trabalho essa forma de comunicação também se faz presente. A analista de marketing do Serpro, Adelair Almeida, compartilhou como os utiliza estrategicamente no dia a dia. “Uso emojis nas mensagens de WhatsApp que criamos para campanhas voltadas a clientes e potenciais clientes. Eles ajudam a enriquecer e reforçar o conteúdo, tornando a comunicação mais atrativa”, conta. Já em conversas internas, Adelair conta que os GIFs divertidos são presença certa em mensagens informais via Teams, especialmente para quebrar o gelo ou descontrair a rotina.
Mesmo que sejam úteis como complemento, os emojis nem sempre são interpretados da mesma forma. Na verdade, seu significado pode variar bastante de acordo com o contexto, a cultura e, principalmente, a geração de quem os usa. Para quem não cresceu com a internet, mas acompanhou sua evolução desde o início, os emojis ainda têm uma função muito mais direta e literal.
É o que aponta o jornalista Carlos Marcos Torres, que faz parte da geração millennial. “Para nós, o emoji de riso significa riso, o legal é legal, e o choro é tristeza. Não tem muita ambiguidade”, explica.
Ele lembra que os significados mais criativos ou subjetivos, como o uso da caveira para expressar “morrendo de rir”, são características muito mais comuns entre os mais jovens. “Dificilmente alguém da minha geração usaria isso nesse sentido. A gente prefere os emojis mais básicos, mais claros”, revela.
Segundo ele, além da clareza, os emojis também cumprem uma função prática no cotidiano agitado: “Às vezes, você está em vários grupos do WhatsApp ou do Teams, e não dá pra responder todo mundo. Então, você manda um joinha, um coração, um riso. É uma forma rápida de sinalizar que viu, que concorda, que riu”.
Gerações conectadas
Gerações como os Baby Boomers (1946-1964), Geração X (1965-1980), Millennials (1981-1996), Geração Z (1997-2012) e Geração Alpha (2013 em diante) usam e entendem os emojis de maneiras diferentes, o que pode gerar ruídos de comunicação entre elas.
Diferentemente das outros grupos etários, para os mais jovens o significado é amplo. Dannyeclisson Martins estagiário da área de negócios do Serpro, contou que os emojis fazem parte do seu dia a dia e que o riso escancarado, representado pelo “🤣”, é um dos mais usados por ele nas conversas online. Para ele, emojis, GIFs e stickers vêm transformando positivamente a forma como nos comunicamos. “Ajudam muito a expressar uma emoção ou sentimento dependendo do contexto”, explica.
Mas, segundo Dan, a linguagem visual nem sempre é universal. “Às vezes, as gerações mais velhas confundem os significados. Já vi gente confundir o emoji de choro achando que era de riso, por exemplo”, comenta. E lembra de uma situação engraçada em que precisou explicar para a mãe o sentido da “carinha” que havia mandado. “Ela não entendeu o tom e eu tive que explicar para não me complicar”, detalha.
Um exemplo clássico é o emoji "👍" (polegar para cima): para muitas pessoas ele ainda representa um gesto de aprovação ou “ok”. Já entre os mais jovens, especialmente da Geração Z, o símbolo pode soar irônico, frio ou até passivo-agressivo.
Futuro dos emojis e da comunicação
Apesar das vantagens na rapidez e clareza, Carlos Marcos Torres, que é responsável pelas redes sociais da empresa, também reflete sobre os efeitos colaterais dessa comunicação acelerada. “Esses recursos ajudam a manter o contato, sim. Mas talvez a gente perca profundidade nas conversas. Um meme, um emoji, um vídeo curto – tudo isso diz algo, mas pode não sustentar relações mais íntimas ou reflexões mais profundas. É como se a gente estivesse sempre comunicando, mas nem sempre se conectando de verdade”, conclui.