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Serpro defende internet como ferramenta de cidadania em debate nacional sobre conectividade

O Serpro, empresa pública de TI do Governo Federal, participou nos dias 25 e 26 de setembro, em Belo Horizonte, do 5º Seminário Governança das Redes, promovido pelo Instituto de Referência em Internet e Sociedade (Iris). O evento, que marcou os 10 anos do instituto, reuniu pesquisadores, gestores públicos, ativistas e representantes da sociedade civil para discutir os desafios da governança digital, inclusão e segurança da internet no Brasil.
Durante a mesa de abertura, Leonardo Silveira, assessor da Presidência do Serpro, destacou o esforço do Serpro em desenvolver soluções voltadas especialmente para pequenos municípios, que muitas vezes não dispõem de estrutura tecnológica própria para oferecer serviços digitais à população, assim como defendeu um olhar mais amplo da governança tecnológica.
“Quando falamos em governança de rede, não basta ter serviços: é preciso garantir que eles cheguem também a lugares com pouco acesso. Nós temos esse olhar para o micro, que são os municípios, mas também para o macro. É por isso que o Serpro está aprimorando a chamada Nuvem de Governo Soberana, que assegura a guarda dos dados de todos os cidadãos brasileiros dentro do país, com acesso exclusivo por parte do governo federal”, anunciou.
Ele também mencionou a recente inauguração do Hub Minas, espaço criado na regional de Belo Horizonte do Serpro para fomentar inovação tecnológica. O ambiente é voltado à promoção de parcerias, pesquisa aplicada e ao fortalecimento do ecossistema de startups e negócios digitais. “Esse vai ser o espaço para promover tecnologia, startups, negócios, e quero deixar o convite para todos aqui irem conhecer de perto”, concluiu.
Inclusão digital vai além da infraestrutura
No segundo dia do evento, o Serpro integrou o painel “Plano Nacional de Inclusão Digital: desafios para a conectividade significativa”, com a presença de Gustavo Monteiro Rocha, gerente de Gestão Tecnológica e Atendimento do Serpro. Na ocasião, ele pontuou que o grande desafio do país, pela sua complexidade e dimensão, é transformar o acesso em algo significativo, que promova cidadania, participação social, desenvolvimento econômico e qualidade de vida. “Inclusão digital não pode ser apenas técnica, precisa ser cidadã e com conteúdo”, destacou.
Gustavo trouxe ao debate uma lembrança pessoal do ano de 1995, quando teve acesso à internet pela primeira vez, mas não encontrava utilidade prática naquela conexão, seja porque não havia tanto conteúdo disponível ou mesmo porque não sabia ainda como acessá-lo. O paralelo, segundo ele, persiste até hoje: milhões de brasileiros possuem celular, pacote de dados ou acesso a redes Wi-Fi, mas não encontram sentido em estar conectados, já que faltam serviços que realmente melhorem seu cotidiano.
Para o gerente do Serpro, o modelo atual privilegia ofertas comerciais e de consumo, deixando em segundo plano a dimensão social da conectividade. “Não adianta eu ter a conexão. A conexão hoje é uma coisa que está muito mais fácil, mas se não há serviços que façam sentido para a população, essa conexão não gera transformação”, afirmou.
Ecoando as palavras ditas um dia antes por Leonardo Silveira na mesa de abertura do seminário, Gustavo ressaltou a importância de garantir que os dados dos cidadãos brasileiros permaneçam sob controle nacional. Ele alertou para os riscos de manter essas informações sob a governança de empresas estrangeiras, sujeitas a políticas de outros países, o que poderia comprometer a segurança e a disponibilidade dos dados. Diante desse cenário, Gustavo informou que “o Serpro trabalha no desenvolvimento da Nuvem de Governo Soberana para que o Brasil tenha controle sobre seus dados e possa usá-los em benefício da sociedade”.
Compromisso Akoben
“O patrocínio do Serpro ao 5º Seminário Governança das Redes adequa-se ao posicionamento da estatal tanto em termos técnicos, quanto pela oportunidade de apoiar uma iniciativa comprometida com diversidade e inclusão”, destacou Regina Faria, gerente de Responsabilidade Social. “Uma de nossas metas previstas no campo da Sustentabilidade, de agenda ESG, é a de colaborar para a realização de eventos inclusivos durante todo o ano”, complementou.
De acordo com ela, o Iris aderiu ao Compromisso Akoben de antirracismo na organização de eventos, o que se traduz em práticas como: cada um dos painéis contar com, no mínimo, uma pessoa negra; um painel composto exclusivamente por mulheres negras; e critério de diversidade racial e de gênero na seleção de 10 bolsas com valor de mil reais para pessoas autoras que participarão das atividades.
Com painéis, oficinas educativas e apresentação de trabalhos submetidos por pesquisadores de todo o país, o seminário foi um espaço inclusivo e estratégico para discutir o futuro da internet no Brasil e fortalecer iniciativas que promovam uma conectividade mais democrática, inclusiva e segura. O evento aconteceu nos dias 25 e 26 de setembro de 2025, na Faculdade de Direito da UFMG, no Centro de Belo Horizonte.