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Como acelerar a adoção responsável da blockchain no governo?

O avanço da blockchain como ferramenta estratégica para a transformação digital do Estado foi o centro de um painel que reuniu representantes do Serpro, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Petrobras, durante o Cardano Tech Summit 2025, realizado no Rio de Janeiro. “Trabalhar com inovação nunca é simples. É um campo que envolve muita gente — governos, empresas, reguladores, agências de fomento — cada um com suas visões, seus tempos e seus interesses", iniciou a mediadora Daniela Alves, que então provocou: “Como essa colaboração entre todos esses atores pode, de fato, acelerar a adoção responsável da blockchain no setor público brasileiro? Não apenas como uma tecnologia, mas como uma mudança de cultura, de mentalidade?”.
Representando o Serpro, o assessor da Diretoria Kléber Santos destacou que a inovação tecnológica no Estado deve caminhar junto com a soberania digital. “Essas parcerias entre Estado e empresas levantam a questão da soberania, que é central no debate atual sobre tecnologia. O Serpro trabalha nesse sentido com o projeto Nuvem de Governo, garantindo que os dados circulem em território nacional, em centros de dados geridos por profissionais brasileiros”, afirmou.
Ainda segundo ele, o Serpro está se preparando para se tornar o primeiro nó validador público em uma rede blockchain nacional, um passo inédito que reforça a busca por autonomia tecnológica e transparência. “Estamos criando uma cultura de inovação dentro do principal vetor de transformação tecnológica do Estado brasileiro, que é o Serpro. Inovar com soberania é garantir controle, rastreabilidade e confiança”, completou.
Regulação e segurança jurídica como fundamentos
Representando a Petrobras, o advogado Adriano Manso ressaltou que o avanço da blockchain depende de um ambiente regulatório sólido e de debates qualificados. “Eventos como este são fundamentais porque promovem discussões que vão além da tecnologia blockchain, envolvendo regulação, segurança e impacto social. Precisamos de espaços que reúnam governo, empresas e academia para construir soluções seguras e sustentáveis. A segurança jurídica é essencial nesse processo, é ela que oferece previsibilidade e confiança para que empreendedores e desenvolvedores possam inovar de forma responsável”, afirmou. Manso lembrou ainda que, em países como os Estados Unidos, o setor só amadureceu após amplos debates. “Lá houve vontade política e regulatória de avançar. É esse ambiente de previsibilidade e confiança que precisamos consolidar também no Brasil”.
O representante da CVM, Jorge Casara, complementou o debate com uma analogia entre a blockchain e as infraestruturas públicas. “As blockchains são como rodovias digitais, estruturas descentralizadas por onde transitam informações e valores. O papel das instituições é torná-las mais acessíveis, competitivas e seguras, permitindo que mais atores participem desse ecossistema”, explicou.
Casara também destacou a importância da educação e da capacitação técnica como pilares para o avanço da tecnologia. “Ainda há uma defasagem significativa em muitos grupos, inclusive no governo. Parcerias entre empresas como a Cardano e estatais como o Serpro e a Petrobras são fundamentais para formar profissionais e fortalecer uma política industrial de blockchain nacional”, concluiu.
Inovação aplicada: vem aí o Digital Check
Além de contribuir para o debate, o Serpro apresentou no evento o “Digital Check”, solução ainda em fase de testes que traduz em prática os conceitos de autenticidade, transparência e soberania digital. A ferramenta permite criar e validar credenciais digitais seguras, integradas ao Gov.br e registradas na Rede Blockchain Brasil (RBB).
Desenvolvida com base no padrão internacional Open Badges, a plataforma foi concebida inicialmente para o setor educacional, mas pode ser adotada também por órgãos públicos e entidades certificadoras. Durante o Summit, a estatal realizou um teste de mercado no estande, no qual participantes puderam emitir e validar badges digitais em tempo real, experiência que evidenciou o potencial da tecnologia para fortalecer a confiança em processos digitais.
“O Serpro Digital Check demonstra como a estatal pode ajudar a mitigar problemas relacionados à falsificação por meio de registros imutáveis em blockchain que podem ser verificados gratuitamente por qualquer pessoa” afirmou Marco Túlio Lima, gestor de Produtos Transversais do Serpro. Ele também integrou o painel “Digital Transformation, Education, Blockchain, and New Markets”, mediado por Cláudia Mancini, durante o Summit, ao lado de Francisco Carvalho (Blockchain Rio), Josué Borsoni (Comitê Olímpico do Brasil) e Bruno Costa (Klever), onde pode falar sobre como a blockchain vem sendo empregada pelo Serpro para promover a transformação digital de serviços públicos e aumentar a segurança, citando cases como a da CIN (Carteira de Identidade Nacional).
Serpro na vanguarda da blockchain governamental
O Cardano Tech Summit LATAM 2025, realizado nesta quarta-feira, 15, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, reuniu especialistas, autoridades e empresas de tecnologia para discutir os impactos da blockchain na sociedade e na administração pública. Em março deste ano, o Serpro firmou um Acordo de Cooperação Técnica com a Fundação Cardano, instituição suíça referência em blockchain, com o objetivo de ampliar o uso da tecnologia no setor público brasileiro.
Trata-se da primeira colaboração internacional do Serpro com foco educacional, reforçando seu papel estratégico na transformação digital e na soberania tecnológica do Estado, e posicionando a estatal na vanguarda da modernização governamental, ao combinar sua experiência em tecnologia pública com a infraestrutura blockchain da Cardano.
O acordo soma-se a outras experiências bem-sucedidas do Serpro, como o bConnect — que integra aduanas do Mercosul — e projetos com o Banrisul e o Banco Central, consolidando o protagonismo da estatal no uso da blockchain na América Latina. A cooperação fortalece a presença da Fundação Cardano no Brasil, que também mantém parceria com a Petrobras, ampliando o alcance da tecnologia em serviços públicos digitais.