Notícia
Debate
Serpro, Dataprev, BB e Caixa se reúnem para discutir o futuro da IA no governo brasileiro

Um “encontro entre gigantes”. Assim foi definido o painel sobre estruturação da inteligência artificial que reuniu representantes do Serpro, Dataprev, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal para discutir os desafios e oportunidades do uso da tecnologia nos serviços voltados ao cidadão brasileiro.
O painel trouxe trocas de experiências e o compartilhamento de uma visão de futuro entre os dois maiores bancos estatais e as duas maiores empresas públicas de tecnologia da informação do país.
“Já temos um grupo riquíssimo de troca de experiências, que é o fórum de IA das estatais. Quando comuniquei que gostaria de trazer esses colegas para o painel de abertura da nossa semana de inteligência artificial, todos garantiram presença. Antes mesmo de saber qual seria a cidade ou o horário”, relatou Carlos Fonseca Lima, gerente do Centro de Excelência em Ciência de Dados e Inteligência Artificial do Serpro.
Humanização
“A IA pode ser uma ferramenta para o Estado brasileiro não só ter mais eficiência, mas humanizar o atendimento ao cidadão, principalmente no atendimento voltado à população mais carente”, avaliou William Veronesi Rocha, superintendente de Inteligência Artificial e Inovação da DataPrev. Segundo Veronesi, muitas vezes as pessoas não entendem a linguagem do Estado, o que prejudica a efetivação dos seus direitos e “a IA pode atuar para quebrar essas barreiras”.
Segundo o representante da Dataprev, a tecnologia também pode ser utilizada para “antecipar os fatos” da vida do trabalhador brasileiro, trazendo informações e facilitando o processo. “É verdade que a aposentadoria é um cálculo, mas o Estado ainda faz muito pouco para preparar as pessoas para essa mudança. A IA pode transformar isso, tornando o atendimento ao cidadão mais empático, mais humano”, ponderou.
Caminho sem volta
Para William Rodrigues dos Santos, líder do Centro de Excelência de Inteligência Artificial da Caixa Econômica Federal, o uso de IA em sua instituição “é um caminho sem volta”. “Posso dizer que nossos 83 mil empregados utilizam inteligência artificial em algum ponto do seu processo, seja por análise de dados, seja por ferramentas de produtividade, seja por uso de assistentes virtuais”, afirmou.
Segundo ele, o principal desafio da Caixa tem sido a capacitação dos empregados para não só utilizar bem a IA, mas também aprimorar os processos de trabalho. “Não adianta termos uma tecnologia de ponta aplicada a processos ruins, temos que repensar nossos hábitos até para podermos potencializar o uso de novas ferramentas. A IA tem um potencial transformacional, que pode potencializar nossa capacidade de atender bem”, descreveu.
Estratégia de transformação
“A IA veio para transformar e ainda não temos a resposta exata para como cada trabalho será afetado, mas o impacto sem dúvida já está acontecendo”, afirmou Giuliane Camara, executiva de IA e Analytics no Banco do Brasil. A executiva citou um estudo do M.I.T que demonstra que apenas 5% das empresas estão conseguindo extrair resultados concretos com o uso da inteligência artificial. “A maioria das instituições que acertam possuem uma estratégia. Tenho que saber o que eu quero e também a melhor maneira como a IA vai transformar o meu negócio. Isso também é importante para envolver as diferentes áreas, como marketing, suporte ao cliente e atendimento”, descreveu.
Segundo Giuliane, o Banco do Brasil adotou uma estratégia intermediária, que não adota a tecnologia a qualquer custo e, ao mesmo tempo, não causa imobilização por um excesso de conservadorismo. “Vamos fazer a transformação dos nossos negócios e processos junto com as pessoas”, anunciou.
A exceção seria a utilização da IA em áreas específicas, como cybersegurança, que exige uma atualização agressiva e constante para combate a fraudes. O BB, hoje, já possui mais de 800 soluções de IA desenvolvidas e 100 modelos catalogados, o que ajuda na garantia de um monitoramento e desenvolvimento de políticas específicas de governança de dados. “A governança é uma das respostas a essa complexidade que estamos vivendo”, afirmou a executiva.
“Temos todos enfrentado uma velocidade de evolução muito alta, com uma ansiedade para a adoção de novas tecnologias. Mas a questão nunca é tecnológica por si só. O trabalho vem antes, seja de letramento seja de mapeamento de processos, é uma jornada grande”, concluiu o representante do Serpro, Carlos Fonseca Lima.
Semana de IA do Serpro
O painel “Estruturação da inteligência artificial: desafios, oportunidades e conquistas”, fez parte da Semana de IA do Serpro, que aconteceu entre os dias 13 e 17 de outubro. Para conferir esse conteúdo na íntegra, basta acessar o canal da empresa no Youtube ou assistir no player abaixo. O evento promoveu o debate e a troca de experiências com palestras de especialistas de governo, empresas de TI e profissionais de mercado, além de workshops para apresentar cases reais, direcionamentos estratégicos e tendências globais na área.