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Abrir os dados é fundamental. Mas não é o suficiente
“Um cidadão inglês que se depare com os três milhões de informações disponíveis sobre a gestão pública pode se sentir confuso e se desinteressar pelo assunto. Talvez ele acabe até sabendo menos, caso não haja uma ferramenta que faça com que esses dados adquiriam sentido”. A ressalva vem de Rufus Pollock, estudioso associado à Universidade de Cambridge e diretor da Open Knowledge Foundation. Pollock participou como orador principal do debate: Dados governamentais abertos e participação cidadã, realizado na manhã de hoje no Consegi.
A necessidade de criar ferramentas que transformem o dado disponível em informação relevante para exercer a cidadania foi consensual entre os participantes da mesa. Já o professor e cyberativista, Sergio Amadeu, ressaltou que a cada cidadão deve ser dada a possibilidade de fazer “mineração de dados” a partir de seu computador, criando um “Estado em rede” que possibilite maior participação. Para exemplificar o que chamou de uso da inteligência coletiva, Amadeu citou um sítio no qual os habitantes de uma cidade podem adicionar queixas como buracos na calçada, falta de ônibus ou alto índice de criminalidade, localizando a rua em que ocorre a ocorrência. “É o tipo de informação que o Estado ainda não usa, mas, em termos operacionais, já poderia”, disse Amadeu.
Participação em massa
Seria possível, além de abrir os dados e disponibilizar meios para sua interpretação, convocar a sociedade a participar da própria construção de ferramentas para o governo eletrônico, de forma colaborativa? A questão partiu de Marcos Mazoni, diretor-presidente do Serpro, que interpelou os debatedores. Rufus Pollock avaliou que o “sonho de participação em massa” deve considerar questões como o custo de construir bancos de dados, que dificultam iniciativas individuais. “As ideias são baratas mas as implementações são caras”, disse Pollock. Já Sergio Amadeu ponderou que nada impediria que a comunidade desenvolvesse sistemas que aprimorassem a cidadania, de forma autônoma ou mesmo em parceria com entes estatais como o Serpro. “Muita gente já disse ser impossível construir sistemas complexos em redes colaborativas, mas a realidade mostrou que isso é viável”, disse Amadeu.
Comunicação Social do Serpro - Brasília, 11 de maio de 2011