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Al Gore e Tim Berners-Lee debatem o poder dos dados abertos na rede
Um dos encontros mais aguardados da Campus Party Brasil 2011 ocorreu na manhã desta segunda-feira: Al Gore e Tim Berners-Lee participaram de um debate mediado pelo editor especial da Wired UK, Ben Hammersley. O objetivo era refletir sobre o papel da internet para o futuro da democracia e da humanidade. Na ocasião, Tim Berners-Lee e Al Gore defenderam que a grande rede seja uma base para se criar soluções inovadoras e para a publicação de dados abertos que empoderem os cidadãos e aqueles que enxergam a Internet com um instrumento para melhorar o mundo.
Para o diretor do premiado documentário "Uma Verdade Inconveniente", governos de todo o planeta não são eficientes com o máximo desempenho porque não adaptaram a potencialidade da rede para atender ao cidadão. Al Gore defende que a sociedade lidere essa revolução, além de resistir a qualquer tentativa de censura. "A tentativa de alguns governos de controlar a internet é perigosa para o futuro da humanidade. A grande rede é uma chance para atingirmos um patamar mais alto da democracia. Informação é poder. Os governos livres não têm medo desse poder na mão das pessoas", explicou.
Apesar dos sítios com vídeos e fotos serem muito atrativos e reunirem milhares de pessoas, a verdadeira onda da internet está na revolução dos dados, segundo Tim Berners-Lee. O cientista e criador da "WorldWideWeb" se disse feliz por descobrir que o governo brasileiro publica dados abertos e que é muito importante que as pessoas cruzem esses dados. Para os campuseiros que lotaram o palco principal para ver o debate, ele deixou um recado: "Muitos governos gostariam de cobrar o acesso à rede, e empresas gostariam de controlar a internet. Vocês aqui têm a responsabilidade de deixar tudo aberto."
Tim Berners-Lee defendeu que os governos devem abrir todos os gastos feitos com verba pública e exemplificou como a Inglaterra está progredindo nessa tarefa. Berners-Lee contou que, no ano passado, teve um almoço com o primeiro ministro do Reino Unido, Gordon Brown, e que ele próprio lhe perguntou como o governo poderia usar a internet da melhor forma. A reposta foi uma só: abrir todos os dados. O palestrante contou que foi visível como a medida agradou o governo, em todos os níveis.
Questionado sobre o limite de abertura dos dados e do caso do WikiLeaks, Al Gore relembrou outros casos de vazamento de informações confidenciais na história recente e pontuou que e essa não é questão única da internet, mas sim uma batalha entre quem quer segurar e revelar informações. Como jornalista, ele disse acreditar na lei como a melhor saída, pois a internet só potencializaria a divulgação de dados sigilosos.
Comunicação Social do Serpro - São Paulo, 18 de janeiro de 2011