General
Campus Party faz circular a criatividade da rede virtual
Há 14 anos, o espanhol Paco Ragageles viu na TV uma matéria sobre fãs de videogames que se reuniam para jogar com computadores integrados em rede. Pensou, então, em fazer algo similar em seu país e batizou o evento de Campus Party – a festa do campus.
A primeira edição da Campus Par ty, em 1997, reuniu 250 pessoas.
Em 2008, começava a ser exportada para outros países, o Brasil inclusive. Esta é a terceira edição nacional (todas realizadas em São Paulo) e, como no ano passado, as 6 mil vagas se esgotaram. Os “campuseiros” inscritos ganham barracas de camping para se instalar, de mala, cuia e notebook, no Centro de Exposições Imigrantes. Entre eles, muitos baianos.
“É a primeira vez que eu venho, depois de ouvir falar muito”, conta o baiano Eduardo Sales, 35, blogueiro profissional.
“Vim fazer network (rede de contatos profissionais) e me divertir também. Tem tanta coisa para ver, que você fica atordoado.” Já Rafael Marconi, 28, funcionário do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), é habitué da Campus Party.
“Venho todo ano. É uma oportunidade para ‘dar reset nas ideias’ e também conhecer gente de outras áreas. Aqui tem de tudo”, afirma.
Presenças ilustres
De fato, embora um evento deste tipo possa ser associado, de início, apenas a temas específicos, como programação de softwares e os games, ele abarca todas as atividades que envolvem as novas tecnologias – da robótica à música; das redes sociais à fotografia; do design às políticas públicas. Palestrante, a professora Fernanda Bruno, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alega que “a cultura digital em rede é um dos campos de maior criatividade hoje: criatividade cognitiva, política, estética, social, artística, lúdica etc. Fazer circular essa criatividade é, ao meu ver, uma das maiores importâncias do evento.” Para fazer jus à dimensão pretendida de “maior festa da internet mundial”, os organizadores trouxeram alguns dos nomes que têm desenvolvido os trabalhos de maior relevância no mundo virtual.
Destaque para o hacker Kevin Mitnick, que ficou famoso por invadir sistemas cheios de barreiras e hoje trabalha em prol da segurança dos sistemas; Lawrence Lessig, idealizador da Creative Commons, que licencia direitos autorais de modo mais flexível que o copyright; Scott Goodstein, o homem por trás da brilhante estratégia de marketing online de Barack Obama; Marcos Galperini, o bem-sucedido empresário criador do Mercado Livre; Federico Casalegno, diretor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), importante centro de pesquisa científica, que falará via videoconferência; e Marco Figueiredo, brasileiro que trabalha há 17 anos no Centro de Voos Espaciais Goddard, da Nasa, a agência espacial norteamericana, e que defende a abertura do conhecimento na exploração espacial.
Os “campuseiros” inscritos ganham barracas de camping para se instalar, de mala, cuia e notebook.
Os organizadores trouxeram alguns dos nomes que têm desenvolvido os trabalhos de maior relevância.
A Tarde – BA, Breno Fernandes, 27 de janeiro de 2010