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Como atrair talentos para a Ciência da Computação?
O CSBC 2010 reuniu hoje, 22 de julho, três professores e pesquisadores na área da computação para tentar responder perguntas que tem causado certo incômodo no mundo acadêmico brasileiro. Afinal, por que está mais difícil atrair e reter interessados em uma área que está tão em evidência e que oferece grande oferta de empregos? Como reduzir a evasão e incentivar a pesquisa?
De acordo com Virgilio Augusto Fernandes Almeida, da UFMG, o pano de fundo dessa questão pode ser resumido em alguns itens centrais, como: o declínio do interesse dos alunos no vestibular em Ciência da Computação; a perda de terreno da área para outros segmentos das engenharias; o interesse decrescente das mulheres no segmento e a alta taxa de evasão dos alunos da graduação. Nessa mesma linha seguiu a apresentação de Carlos Eduardo Ferreira, da USP, que apresentou dados indicando um decréscimo de quase 40 candidatos por vaga nos últimos sete anos no vestibular da USP: "de uma taxa de 52,6 inscritos por vaga em 2002, para 14,3 em 2009". Somando-se a eles, Marcos Poggi, da PUC Rio, fez uma reflexão no sentido de que talvez o problema passe por uma percepção errada da sociedade sobre o que, de fato, seja a computação. "Hoje em dia, a computação está na base de qualquer processo de inovação, mas falta uma compreensão mais clara da sociedade sobre os profissionais que constroem os produtos relacionados com a computação", avaliou Poggi.
Os pesquisadores concordam que as causas giram, por um lado, em torno de uma imagem distorcida do profissional da computação e da carreira que ele pode desenvolver, com o senso comum propagando a ideia de os cientistas dessa área sejam nerds, codificadores, atuando em uma rotina chata e desinteressante. "O glamour da profissão acabou", sentenciou Carlos Eduardo, que fez uma analogia descontraída para mostrar isso: "A maioria nasceu e o computador já estava em casa. E ninguém tem muito fascínio por um eletrodoméstico. Ninguém aqui pensaria em fazer uma graduação em liquidificador. Enfim, acho que o fascínio acabou".
Desafio e empreendedorismo
"Como trazer de volta o encanto para a área?", perguntou Virgílio. Segundo ele seria muito importante que incentivos econômicos e sociais sejam administrados. Ele defendeu o aumento do rendimento dos bolsistas na área de Ciência da Computação, para fomentar a pesquisa e reduzir a evasão nos cursos. Além disso, destacou a necessidade de difusão de modelos de sucesso na área - pessoas que podem servir de exemplos para os jovens - e de reconfiguração da imagem desse ramo do saber. Para Virgílio, a redefinição dos perfis dos cursos, a formação multidisciplinar, a criação de carreiras híbridas e a injeção do pensamento empreendedor na área podem ser fatores positivos para mudar o panorama em questão.
Lançar sementes
Também foi consenso entre os palestrantes a necessidade de se levar a computação às escolas e contribuir com a educação dos alunos antes que eles decidam para qual curso farão vestibular. Levar o "computacional thinking" ou pensamento computacional para o ensino fundamental certamente contribuiria para a formação universal dos alunos e ajudaria na captação de um número maior de talentos na área. De acordo com Virgílio, a SBC trabalha na construção de uma proposta, visando preencher essa lacuna, que em breve será levada ao Ministério da Educação.
CSBC
O XXX Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, evento que conta com o apoio do Serpro, acontece entre os dias 20 e 23 de julho, na PUC Minas, em Belo Horizonte. Conheça a programação completa e acompanhe a transmissão das atividades através do sítio www.inf.pucminas.br/sbc2010.
Comunicação Social do Serpro - Belo Horizonte, 22 de julho de 2010