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"Dados governamentais são verdadeiro manancial para programadores em Web 2.0"
Dave Nielsen é um profissional da indústria de Web Services com mais de seis anos de experiência na orientação de programas de alto nível para empresas como PayPal e Strikeiron. Ele também é membro da Cloud Computing Society. Nessa entrevista, Nielsen aborda questões relacionadas Web 2.0
O que quer dizer Web 2.0?
Um sítio Web 2.0 armazena dados e mídia de seus visitantes, combinando e disponibilizando essas informações de novas maneiras. A disponibilização pode ser implícita, como no caso da Amazon com "fregueses que adquiriram esse ítem também compraram"; ou explícita, quando os visitantes sabem que estão contribuindo com o conteúdo do site, como os vídeos e fotos do Youtube ou Flickr.
Você acha que a experiência da internet está se tornando cada vez mais "sob medida"?
Sim, sem dúvida. As fórmulas que sites web 2.0 usam para disponibilizar informações são, sim, sob medida para cada usuário. Cada site tem sua própria fórmula e isso dá um toque especial na relação com os internautas. Flickr disponibiliza fotos "interessantes" e o Youtube apresenta "sugestões". Essas fórmulas chegam a valer milhões de dólares. Literalmente. O Netflix, por exemplo, ofereceu um prêmio de US$ 1 milhão para qualquer um que melhorasse suas recomendações.
A campanha de Barack Obama se utilizou de veículos como o Twitter. Você considera que governos e corporações estão aprendendo a usar a web 2.0 de maneira eficiente?
Barack Obama se utilizou, de fato, de sites de relacionamento durante a campanha eleitoral. Mas o mais importante é que, na administração do atual presidente, o governo dos EUA estimulou a web 2.0 graças à "diretiva de governo aberto". É uma tentativa de disponibilizar dados governamentais. Como resultado, os dados se tornaram públicos (ver Data.gov), o que forneceu material para que programadores de web 2.0 apresentassem informações de forma criativa (ver App Showcase). Grandes corporações também têm usado a web 2.0 para se aproximar de seus clientes. Algumas, por exemplo, se utilizam do Twitter ou Facebook. Outras tem seu próprio aplicativo web 2.0 como a CNN (ver CNN's iReport). A maioria das novidades, porém, têm surgido com empresas iniciantes, que buscam novas maneiras de cativar o público. Claro que as grandes corporações têm usado banco de dados para pesquisas de marketing há muito tempo, antes mesmo da internet ter sido inventada.
Você teria algum conselho para que o poder público se beneficiasse mais da web 2.0?
A primeira coisa seria liberar os dados governamentais. Esse material pode funcionar como um verdadeiro manancial para programadores criativos, que podem criar aplicativos para o público ou para o próprio governo (ver DataSF App Showcase).
Essas novas possibilidades de interação também trazem novos riscos para segurança dos dados e informações?
O governo norteamericano está liberando, no momento, apenas dados que não trazem problemas de segurança. No futuro, espero que um material mais sensível também esteja disponível para o público, o que deve requerer outras medidas de segurança.
Como o conceito de web 2.0 se relaciona com o de computação em nuvem?
A computação em nuvem se inspirou em sítios web 2.0 como o da Amazon e Google, que se tornaram grandes demais para a hospedagem tradicional. O desafio foi o de criar uma infraestrutura que oferecesse aumentos de escala e automação. Apesar da web 2.0 não ter sido, necessariamente, a causa da computação em nuvem podemos dizer, sem dúvida, que foi uma influência das mais importantes.
Comunicação Social do Serpro - Brasília, 2 de setembro de 2010