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Empreendedores da Nuvem devem ficar atentos às demandas brasileiras
Rueven Cohen é fundador e chefe de tecnologia da empresa Enomaly Inc. de Toronto. Fundada em 2004, a Enomaly é a líder em desenvolvimento de produtos e soluções em computação em nuvem focadas em Provedores de Serviços.
O keynote foi premiado em 2006 como desenvolvedor do ano pelo FITC do Canadá e foi recentemente eleito para a banca de conselheiros da Universidade de Seneca-York.
Presente no III Consegi para falar sobre Governo e Nuvem, Cohen conversou com a reportagem do Congresso e falou sobre as oportunidades no país, segurança de dados e mitos da computação em nuvem. Na conversa, ele se perguntou: a nova modalidade é mais insegura que a computação tradicional?
Confira aqui a entrevista na integra.
Como você percebe o posicionamento do Brasil diante da computação em nuvem? O que parece ser mais importante?
Eu acho que o aspecto mais importante a considerar no Brasil é o fato de muito do crescimento em computação em nuvem estar saindo dos Estados Unidos. Muitas empresas no Brasil não estão confortáveis com o fato de que estas grandes empresas baseadas nos Estados Unidos estão controlando os dados.
E a oportunidade da computação em nuvem no Brasil, em particular, está no atendimento às necessidades do mercado brasileiro, com os centros de dados e provedores de computação em nuvem dentro da própria geografia do Brasil, para criar o seu próprio ecossistema de empresas de computação em nuvem.
Essa é uma saída que outros países estão seguindo?
Se você olhar para outras partes do mundo, lugares como a Suécia ou Coreia do Sul (ou até mesmo a China), lá eles estão se concentrando nas necessidades do seu mercado. E existe o problema com algumas das maiores companhias de computação em nuvem, digamos a Google. Eles estão dizendo que nós americanos temos um rastro global, e que a geografia não importa para nós.
Nós podemos atendê-lo com uma versão traduzida do nosso site, mas os dados podem se estar em qualquer lugar do mundo. E a realidade é que os dados precisam estar perto de onde você está por uma série de razões.
Você também precisa ter a capacidade de auditoria do ambiente para saber se ele é seguro, e um dos problemas com algumas dessas empresas é que elas estão essencialmente dizendo: "só confiem em nós."
Mas não há nenhuma maneira de verificar se eles estão fazendo realmente o que prometem, se estão usando seus dados de uma maneira correta. Assim, a privacidade é uma preocupação também. E a única maneira de contornar isso é criar a sua própria política e sua própria supervisão.
A questão da segurança é mais delicada ainda com governos. Existe uma maneira segura para um governo usar computação em nuvem?
Há duas coisas que o governo pode fazer para ajudar, para facilitar a própria indústria em si. O governo tem a oportunidade de fazer as políticas em torno de coisas como a privacidade, assim como de uso de dados, o que facilita o crescimento de uma indústria. Depois, há o modelo de uso de computação em nuvem, considerando o uso do próprio governo.
E o que é importante aqui é perceber que para ser competitivo no atual ambiente de TI, é necessário ter capacidade de transformar dados em informação. E o governo é uma das peças de interesse da indústria, pois tem a oportunidade de ter grandes quantidades de dados, e quanto melhor utilizarem os dados – quero dizer, a informação dos dados – melhor e mais competitivo ele será como governo.
Assim, a questão principal para o governo não é necessariamente economizar. O foco não é dinheiro, como ganhar ou até mesmo poupar. Mas trata-se de ser competitivo diante de outros governos. E a natureza competitiva é, novamente, ser capaz de utilizar melhor e rapidamente as informações, mais do que outro país ou organização. Assim, falamos sobre velocidade, isso é o que computação em nuvem permite: velocidade rápida.
Você acha que computação em nuvem está sendo usado de acordo com o que ela pode oferecer de benefícios ou as pessoas ainda estão com medo?
Bem, a pergunta que as pessoas fazem é: computação em nuvem é menos seguro do que a computação tradicional? E minha resposta é não. Se você olhar para a computação tradicional, digamos desktops, eles não são mais seguros. Se você olhar para a relação tradicional cliente-servidor ou para os centros de dados, eles não são mais seguros.
Normalmente, a segurança é uma reflexão tardia. O que a computação em nuvem fez foi deslocar o ponto de vista da segurança. As pessoas presumem que a computação em nuvem é insegura porque muitas empresas estão dizendo que ela é insegura. Talvez porque elas não têm o produto ou necessitam criar medo quando descobrem a sua posição no mercado.
Então, o que a computação em nuvem tem realmente feito é abrir a ênfase no olhar de segurança. Muitas vezes, na visão tradicional da computação, bastava colocar aplicações e nunca se preocupar. Agora as pessoas estão pelo menos olhando para a questão da segurança, o que é uma mudança. E é uma mudança para melhor.
E existem riscos em qualquer tipo de negócio, não é?
Sim, você tem risco em qualquer coisa que você faz. E a chave para os riscos é entendê-los. Uma das coisas que a computação em nuvem fez foi trazer os riscos para o primeiro plano. E, pelo menos, nós estamos falando sobre eles. Quero dizer, se você olhar para os problemas tradicionais de desktop, sempre foi do tipo "ohhh, perdemos a nossa pen drive" ou "esquecemos o laptop no ônibus." Esses são os mesmos problemas, exceto porque eles são tipicamente problemas mais posteriores. Pelo menos agora, há um método de olhar para eles . Há risco em tudo.
E temos congressos sobre a computação em nuvem e estamos pensando sobre a segurança nesse contexto.
Sim. E a segurança tem sido, tradicionalmente, uma reflexão tardia.
Comunicação Social do Serpro - Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2010