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FSM 2009 valoriza cultura dos povos da Pan-Amazônia
Mostrar a força dos povos pan-amazônicos e cobrar políticas públicas que implementem formas de desenvolvimento sustentável para as várias comunidades da região é o objetivo do V Fórum Pan-Amazônico, que acontece todo o dia de hoje (28) dentro do Fórum Social Mundial 2009. Em entrevista coletiva, representantes de segmentos indígenas, movimentos sociais e quilombolas falaram sobre a resistência dos povos da floresta.
Com território presente em nove países (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa), a região Pan-Amazônica é frequentemente ameaçada por modelos de desenvolvimento que desagrupam comunidades, aumentam o índice de pobreza e salientam a quebra de tradições dos povos originários.
"O importante deste fórum é destacar primeiro o resgate e resistência desses povos e dar visibilidade para as ações que os movimentos sociais estão travando para criar uma base de modelos sustentáveis e com justiça ambiental", afirmou Aldalice Otterloo, da coordenação executiva do Fórum Pan-Amazônica.
Comprovando que as comunidades adotam com sucesso outros modelos de desenvolvimento voltados para a defesa da floresta e para a qualidade de vida de seus povos, Daniel de Sousa, da Coordenação Estadual dos Quilombolas do Pará, disse que os locais onde estão situados esses povos estão livres de desmatamento.
Mas é preciso políticas públicas que reconheçam e valorizem essas populações. A situação dos povos quilombolas do Pará, por exemplo, mostra que, apesar dos poucos avanços, ainda é necessária uma política mais incisiva para o reconhecimento dos territórios originários. Das 320 comunidades quilombolas paraenses, apenas 94 foram reconhecidas até agora. "Esse processo ainda é muito lento", comentou. Estima-se que existam 100 mil quilombolas no estado, que é o quarto em população quilombola, depois do Maranhão, Bahia e Minas Gerais, respectivamente.
Representante do Fórum da Amazônia Oriental (FAO), Matheus Otterloo, disse que o grande desafio é provar para governos e autoridades que outras formas de desenvolvimento são possíveis. Frente às várias invasões que historicamente esse povos já sofreram, acrescentou, é notória a resistência. "O Fórum busca inspirar o mundo no sentido de se manter a par de novas alternativas, de novas propostas para a região. Hoje, os povos são ameaçados pela indústria da soja, pelas empresas hidrelétricas. Ainda assim, há resistência", ressaltou.
Todo este segundo dia do Fórum Social Mundial será dedicado as questões da Pan-Amazônia. Nos dois palcos principais do evento, foram discutidos os temas "Mudanças climáticas e justiça ambiental", "Direitos Humanos, trabalho, migrações" e "Terra, território, identidade e soberania alimentar". Durante a manhã também houve apresentação de danças negras e indígenas, com povos de diversas etnias.
As matérias do projeto "Ações pela Vida" são produzidas com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade da CF2008.
Ana Rogéria, editora de Adital, de Belém (PA)