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Grandes de TI aumentam os investimentos no país
De olho nesse nicho, grandes empresas francesas de TI prometem aumentar investimentos no Brasil, principalmente nas áreas de treinamento de pessoal e desenvolvimento de soluções.
A Bull, com operação local desde 1960, deve encerrar 2009 com US$ 4 milhões de investimentos, US$ 600 mil a mais que o valor aplicado em 2007. No mês passado, a Atos Origin, fornecedora tecnológica oficial dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, anunciou um incremento de € 21 milhões para sustentar seu projeto de expansão no país.
"A Bull poderá ocupar um espaço maior no desenvolvimento automatizado de sistemas para o mercado brasileiro e outros compradores internacionais, a partir do Brasil", adianta Alberto Araújo Filho, diretor-presidente da Bull América Latina. "Também acreditamos que o país seja promissor na área de tecnologias de computação de alto desempenho."
A Bull tem cerca de 8 mil funcionários diretos no mundo e 400 no Brasil, de onde administra as operações da América Latina. Hoje, é considerada a única empresa europeia que atua em toda a cadeia da informática, desde a fabricação de computadores e softwares até a prestação de serviços de alto valor agregado. No Brasil, laçou clientes como Embratel, Eletropaulo e Boticário. Em 2008, investiu US$ 3,4 milhões no país e deve aplicar US$ 4 milhões em 2009. "Os aportes foram canalizados para a criação de ferramentas de trabalho, marketing e desenvolvimento de mercados." Até 2010, o plano é investir de 4% a 5% da receita na criação de ofertas e treinamento de pessoal.
Segundo Araújo, as operações brasileiras são referências internacionais para a empresa no mundo, principalmente nas áreas de telecomunicações, finanças e e-government ou governo eletrônico. Nos últimos anos, a Bull trouxe para o Brasil produtos para a área de telecomunicações, como redes de nova geração e sistemas antifraude, e programas de tesouraria e de back office para o setor financeiro.
Em setembro, anunciou com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) uma parceria no desenvolvimento de tecnologias de software livre para ações de governo eletrônico e educação. O acordo de cooperação é considerado o maior já assinado entre a França e o Brasil na área de TI.
"Enquanto a Europa e os EUA chegam a diminuir o consumo de tecnologia, a América Latina apresenta um crescimento acima de 4% por ano, com um mercado em expansão", diz Diego Pavia, CEO para a América Latina da Atos Origin, com sede em Paris e escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro. A empresa está no Brasil desde 1991 e pretende triplicar a atuação no país nos próximos cinco anos. "O Brasil e a China serão as nossas meninas dos olhos até 2014."
Em agosto, a Atos Origin fez um aporte de € 1 milhão no Brasil para a modernização da sua infraestrutura local e ampliação da oferta de serviços de outsourcing. No mês passado, anunciou um incremento de € 21 milhões para sustentar o projeto de expansão no país.
A empresa, que oferece serviços de consultoria e integração de sistemas, é a fornecedora tecnológica oficial da Olimpíada de 2016. Vai gerenciar a segurança dos sistemas de TI que transmitem os resultados das competições e informações sobre atletas. A companhia emprega cerca de 50 mil funcionários no mundo, sendo 1,7 mil colaboradores no Brasil. No mercado nacional, fincou bandeiras em setores como energia & utilities, manufatura, finanças e telecomunicações, com contratos com a Petrobras, Shell e Vivo.
Hoje, uma das estratégias da empresa é montar centros de excelências focados na criação de soluções inovadoras. "São produtos compartilhados entre os 40 países onde o grupo trabalha", diz Pavia. Este ano, relançou um sistema de gestão desenvolvido no Brasil e adaptado para outros mercados. "Além disso, contamos com uma universidade corporativa. A ideia é que um profissional da Europa, Ásia, América do Norte ou do Sul tenha a mesma competência para atuar em projetos em qualquer lugar do mundo."
Valor Econômico, Jacilio Saraiva, 10 de novembro de 2009