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Inauguração de telecentro encerra I Digiarte em Anápolis-Goiás
"Tradição e tecnologia foram reunidas em um só lugar". Essa foi a conclusão de José Murilo Júnior, Coordenador de Cultura Digital do Ministério da Cultura, ao discursar no encerramento da I Digiarte. José Murilo lembrou que o evento trouxe discussões sobre saberes tradicionais e acesso à cultura, compartilhamento, direitos autorais e civis na internet, "tudo em uma grande mistura, um verdadeiro samba de coco". A cerimônia de encerramento foi marcada pela cantiga das fiandeiras, que formaram uma grande roda de tecelagem em frente ao telecentro, doado pelo Serpro, pouco depois de sua inauguração.
A I Digiarte reuniu, de 1º a 5 de fevereiro, cerca de quatrocentas pessoas em uma praça no antigo fórum de Anápolis. Cento e noventa inscritos participaram das rodas de prosa, que discutiram temas como radio web e rádio comunitária, políticas e uso de software livre e possibilidades da web colaborativa. Para Luiz Claudio Mesquita, coordenador de Inclusão Digital do Serpro, "é essencial buscar parecerias que têm, de fato, um trabalho transformador nas comunidades". Ele considera que uma das principais vantagens do telecentro é a localização privilegiada no centro da cidade, o que possibilita ampliar o público atendido.
Software livre e tecelagem
Arthur William Aleixo, um dos fundadores do movimento local para adoção de padrões abertos, considera que "as fiandeiras têm tudo a ver com a filosofia do sofware livre". "Elas realizam um trabalho independente e colaborativo, possuem um saber próprio e atuam fora do circuito das grandes indústrias", assegurou Aleixo. A roda de fiar, também citada nos discursos de inaguração do telecentro, foi apresentada como um símbolo de reapropriação tecnológica: uma máquina antiga e obsoleta que é reutilizada com sucesso.
Tradição e inovação marcaram a Digiarte
Durante a semana, o Pontão de Cultura também instalou um orelhão na praça, que oferecia ligações gratuitas via VoIP (voz sobre IP). A iniciativa foi lançada na última Campus Party, em São Paulo, e o evento em Anápolis é o segundo espaço a mostrar a inovação.
Ônibus digital
Na Digiarte, o Serpro ofereceu oficinas de Linux em uma espécie de telecentro móvel: o Expresso Digital. Um ônibus da prefeitura equipado com 17 computadores com conexão sem fio à internet, configurados exclusivamente com software livre. De acordo com Edson Nunes, idealizador da semana de arte, as oficinas do Serpro tiveram um papel social relevante: "o expresso digital pôde apresentar programas em código aberto a uma parcela da população que ainda desconhecia o conceito de software livre".
Anápolis-GO, 5/2/2010