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Infra-estrutura de internet preocupa ativistas da rede
Na tarde do dia 31, no Fórum Social Mundial, ciberativistas defenderam uma infra-estrutura comum de internet contra o monopólio do provimento do serviço.
A concentração da infra-estrutura de internet em poucas empresas no planeta é uma ameaça à liberdade e privacidade na navegação no mundo virtual. Para o secretário-executivo do Casa Brasil, Edgard Piccino, da mesma forma que não se aceita que dados dos contribuintes sejam tratados por empresas privadas, as informações pessoais que circulam pela rede também não deveriam ser utilizadas pelas empresas proprietárias do tráfego do sinal e de programas de internet.
“Seu perfil está sendo vendido”, afirmou Piccino, que acredita que características das pessoas são compiladas quando estas navegam pela internet e utilizadas para a comercialização de produtos sem autorização. “Não é a estatização da oferta de serviço de internet, mas uma infra-estrutura pública, que possa ser compartilhada por empresas privadas, governos e pessoas”, é o que defende o coordenador do Casa Brasil, como forma de propiciar liberdade no mundo digital. Já as plataformas livres seriam a solução em relação aos programas, também utilizados para identificar e utilizar de maneira mercadológica os gostos e afinidades dos usuários.
Em acréscimo, o responsável pelo Escritório de Projetos do Casa Brasil, Demetrius Ribeiro, questionou a “coincidência” de alguns administradores de correio eletrônico, cuja publicidade que surge na tela geralmente estar associada ao assunto tratado no e-mail que está sendo lido. “Preste atenção quando ler uma mensagem”, disse Demetrius.
Ações locais
Para o professor da pós-graduação da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, Sérgio Amadeu, constituir uma infra-estrutura de internet transnacional em alta velocidade é o maior problema. “Temos que criar e incentivar nuvens abertas de conexão nos espaços locais”, defende Amadeu, que acredita que a mobilização deve começar com as pessoas e movimentos sociais nas microrregiões. “No plano nacional, o governo tem que colocar vias de alta velocidade como prioridade”, completou o também sociólogo e doutor em Ciência Política.
"A rede está na mão de poucas pessoas. A tendência é maior concentração", decretou Amadeu, que ressaltou o trabalho do movimento “Save the Internet”. Para ele, o grupo é a ação organizada mais atuante contra o monopólio dos serviços relativos ao hiper-espaço.
Encaminhamentos
A atividade foi idealizada pelo Laboratório de Conhecimentos Livres. Entre os encaminhamentos do encontro, ficou decidida a utilização da ferramenta OpenFSM e ainda levar o tema para ser discutido na Conferência Nacional de Comunicação, que deve acontecer no segundo semestre deste ano.