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Jovens apostam no empreendedorismo
“Quero me tornar uma espécie de ‘Sonho de Valsa’, que você encontra em toda esquina”. A frase de Rafaela Raposo pode parecer pretensiosa para quem oficializou a produção de doces há pouco mais de nove meses, diante do chocolate citado, sucesso de vendas. Mas se você imaginar que os jovens representam um terço dos novos empreendedores individuais (EIs) no Brasil, a ambição é bem possível. Duvida?
Conheça um pouco desta trajetória e tire suas conclusões, pois ela pode servir de inspiração para você, jovem, que sonha em empreender e mudar de vida. A autora da frase que abre este texto tem 20 anos, estuda administração de empresas, começou a empreender há quatro anos vendendo cerca de 150 trufas de chocolate por dia, feitas por uma tia em colégios, herdou o talento para a fabricação dos doces da mãe (“aluna” da tia) e tem o sonho de se tornar uma empresária de sucesso.
Seu nome é Rafaela Raposo. Disposição para o negócio, tem de sobra. Tanto que não desistiu diante das brincadeiras de sua mãe. “Ela brincava falando que eu não levava jeito. Depois de aprender sobre as trufas, passei a fabricá-las e vendê-las. Já na faculdade, um professor falou sobre foco em produtos. Tinha um produto que todo mundo gostava, só faltava profissionalizar a atividade”, conta Rafaela.
A virada para esta jovem empresária veio com o Programa do Empreendedor Individual, que segundo uma pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro da Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), soma 320 mil profissionais com menos de 30 anos, ou um terço dos EIs formalizados no país. EIs na faixa etária de Rafaela representam, em média, 4% de mais de um milhão de formalizados.
Para se formalizar ao EI, Rafaela precisou esperar, já que a lei que implantou a figura jurídica em Pernambuco entrou em vigor no ano passado. “Os clientes aumentaram e passaram a pedir nota fiscal. Neste tempo, investi na atividade e um expositor de acrílico foi decisivo para o sucesso das trufas”, explica. Só para constar, a empresária escolhe a matéria-prima, fabrica e vende trufas, ovos de chocolate (recheados e trufados) e mais uma dezena doces. E aceita todos os cartões de crédito.
Para Leonardo Carolino, analista de políticas públicas do Sebrae-PE, o crescimento nas adesões tem base no fortalecimento da divulgação aliada ao entendimento dos gestores públicos sobre a importância do EI. “Os benefícios da formalização têm atraído os profissionais por conta própria, inclusive os jovens, que enxergam um futuro previdenciário e vantagens tributárias”, revela.
O final, aliás, a continuidade desta história que começamos a contar é a seguinte: Rafaela contratou uma funcionária em fase de experiência para ajudá-la nas vendas de 1,5 mil trufas por semana (em média, R$ 1 cada doce) em 13 pontos de comercialização. Planos para o futuro? “Hoje a produção é feita em um espaço na casa do meu sogro, mas a compra de uma casa com uma cozinha específica está próxima”, finaliza, certa de que em breve estará em cada esquina, como uma boa concorrente do Sonho de Valsa.
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Empreendedor Individual (EI)
Atualmente, segundo o último levantamento do Sebrae/Serpro, há 35.402 empreendedores individuais cadastrados em Pernambuco, sétimo estado no ranking da federação em formalizações, atrás de SP, RJ, MG, BA, RS e PR
No estado, 58% dos EIs cadastrados são homens e 42% mulheres. No Recife, o percentual se mantém neste patamar com 59,86% (homens) e 40,14% (mulheres)
Em relação à faixa etária,
os percentuais mais significativos mostram uma disputa equilibrada entre os jovens empreendedores individuais dos 21 aos 30 anos (27,55%) e dos 31 aos 40 anos (33,11%)
Em terceiro no ranking, seguem os adultos dos 41 aos 50 anos, com 23,94% dos trabalhadores cadastrados
Quando se trata da atividade, 67,67% dos EIs pernambucanos desenvolvem o empreendedorismo em casa
Diário de Pernambuco, Augusto Freitas, 23 de abril de 2011