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Líderes yanomami participam de curso de gestão indígena na Atual
O curso tem duração de três anos, quando os líderes escolhidos por suas comunidades virão a Boa Vista por períodos de dois meses para estudar. Com o encerramento de cada um dos módulos, eles voltam para suas regiões e tornam-se multiplicadores de conhecimentos.
A coordenadora de Responsabilidade Social da Atual, Rosirayna Remor, explicou que o curso vai capacitar os gestores indígenas em áreas que foram determinadas pelo grupo como sendo prioritárias. \"A Atual está cedendo o espaço e os equipamentos para a realização dos cursos, os professores e oportunizando a participação dos acadêmicos dos cursos de Sistemas de Informação e Pedagogia como monitores. Esses estudantes estarão vivenciando na prática, o que aprendem em sala de aula e participando de uma experiência única\", destacou.
O professor Fábio Santos, instrutor do módulo de informática, disse que a princípio a língua é considerada uma barreira, mas com o tempo passa a ser um incentivo. \"Eles têm um grande poder de assimilação e muita perseverança, não desistem nunca e querem aprender sempre um pouco mais. É uma troca de conhecimentos, porque ao mesmo tempo em que ensino informática, aprendo um pouco da cultura yanomami\", salientou.
Para Geraldo Yanomami, que veio da região conhecida como Tootobi, na fronteira com o Amazonas, estar participando do curso será de fundamental importância para os trabalhos desenvolvidos pela Hutukara. \"Nós tínhamos vontade de escrever melhor em português, de elaborar documentos e poder enviar mensagens via internet para parceiros e autoridades. Sentimos alguma dificuldade, mas aprender é muito bom e esses novos conhecimentos vão nos ajudar a preservar nossa região\", frisou.
As aulas de informática acontecem até sábado, 29, sempre das 8h30 às 11h30. No período da tarde, o grupo assiste às aulas de português na sede da Hutukara, no bairro São Pedro.
A palavra Hutukara, na língua Yanomami, quer dizer mundo. E é isso que a associação criada e mantida exclusivamente por índios Yanomami, quer proporcionar para seus associados, um novo mundo de conhecimentos. Além disso, o grupo quer defender direitos da etnia e prestar assistência nas áreas de educação, saúde e cultura aos associados.
A associação foi criada em Roraima no ano passado com o objetivo de promover e difundir o uso de software livre no estado. Conforme o professor Fábio Santos, a idéia é ter liberdade tecnológica de não ficar preso a um formato e minimizar os custos com o pagamento de licenças de softwares pagos.
Folha da Boa Vista – RR, 26 de março de 2008