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Linux de olho no usuário comum
Este é o primeiro argumento que pode ser usado em favor do SO. “Hoje, distribuições como o Ubuntu incorporam, já na instalação, várias ferramentas gratuitas para o usuário final que o Windows não traz, como um pacote de escritório Open Office ou um editor de imagens de nível profissional como o Gimp”, argumenta Solano Mineiro, coordenador do curso de Sistemas de Informação da Faculdade Joaquim Nabuco. A faculdade realizou, há pouco mais de uma semana, o evento de lançamento do Ubuntu 10.04 no Recife, atraindo em torno de mil alunos da instituição e de outras universidades.
De fato, pegando o Windows e o Linux lado a lado, é difícil encontrar algo que um faça e o outro não consiga realizar. A biblioteca de programas do Linux supre, hoje, quase todas as necessidades do usuário comum, além de ser quase que inteiramente gratuita. Só em casos mais específicos, como profissionais que precisam usar o software de desenhos técnicos Autocad, é que o Linux ainda apresenta deficiências. Mas se o intuito também for usar o PC como uma plataforma de games, é melhor continuar com o Windows.
Um dos grandes vilões para a popularização do Linux era a dificuldade no uso principalmente por conta do terminal, a interface em texto que espantava até o usuário não tão iniciante. Digitar comandos para o sistema realizar coisas simples vai na contramão do que se espera hoje dos sistemas operacionais simples. Essa situação no Ubuntu, Mandriva e demais distribuições (versões de empresas e grupos distintos) focadas no usuário final está quase extinta.
Os ambientes gráficos do Linux também podem confundir. O Windows tem uma única “cara” para cada versão, e todas são mais ou menos parecidas. No Linux, a distribuição é que determina que “cara” vai usar. Algumas podem ter até mais de um destes ambientes. No caso do Ubuntu, o Gnome é o ambiente gráfico padrão, com barras de programas, funções e tarefas na área superior da tela. No Mandriva, é o KDE, com um visual mais similar ao do Windows, com a barra principal na área inferior da tela e um botão com função semelhante ao menu “Iniciar”. “Quem está acostumado com Windows acha o Linux diferente, mas um usuário que nunca viu um computador na vida pode achar até mais fácil usar um sistema como o Ubuntu”, comenta Amaral.
O advogado Marco Lindoso já passou pelo Windows, Linux e agora é um “Mac user”, proprietário de um Macbook e um iMac, e relata sua experiência com os três sistemas: “Já estava sem paciência com os inúmeros erros e problemas do Windows. Não queria saber mais de antivírus ou erros de dlls e parti para o Ubuntu. Gostei dele, era um sistema diferente, mais estável e até mais simples do que eu achava que seria, mas comecei a ficar sem paciência de achar algum erro e ter que sempre procurar a solução em fóruns, encarar o terminal e digitar linhas de comando. Migrei para o Mac OS e finalmente estou satisfeito de verdade com um sistema operacional. Mas se eu fosse escolher entre Windows e Linux, ficaria com o Linux”, enfatiza.
Uma boa alternativa que várias distribuições Linux oferecem para que o usuário teste se o sistema serve ou não ao seu uso é o Live CD. Ele consiste numa versão que o usuário pode carregar na inicialização do computador e rodar o sistema direto do CD sem alterar os arquivos do disco rígido. Se gostar, é só instalar o conteúdo do CD. Se não, basta tirar o disco do drive e continuar usando seu sistema antigo.
Folha de Pernambuco, Tárcio Fonseca, 12 de maio de 2010