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Linux nos desktops corporativos: finalmente chegou a hora?
Em meio aos recentes planos da Microsoft de apertar
o cerco contra os usuários de Windows pirata, a comunidade Linux se
arma para concorrer com a atual dona do mercado e ganhar espaço nos
desktops das empresas.
Com o lançamento do Vista, e a impopularidade do sistema, muito se especulou a respeito de um possível crescimento do Linux. A investida contra a pirataria coloca mais uma vez os holofotes nessa questão. Ainda mais quando a criadora da distribuição Linux mais famosa comunica sua entrada no mercado corporativo.
Na semana passada, a Canonical, empresa responsável pela
distribuição Ubuntu, talvez a mais popular entre usuários domésticos do
Linux, anunciou que está colocando em prática um plano para entrar no
mercado corporativo.
Inicialmente, a empresa anunciou, durante
o LinuxWorld, evento realizado em São Francisco, Estados Unidos, uma
oferta conjunta com a plataforma Open Collaboration Client Solution
(OCCS), da IBM, para fabricantes OEMs (origianl equipment
manufacturers), tanto de servidores, quanto de desktops.
Com isso, clientes corporativos podem comprar o Lotus Notes, Lotus
Symphony e o Lotus Sametime, juntamente com a distribuição da
Canonical. A Red Hat também entrou no programa, que é voltado para
revendedores VARs (value added ressellers) e integradores de sistemas.
“A
lenta adoção do Vista nas empresas, aliada ao sucesso obtido por novos
PCs livres dos sistemas da Microsoft em várias regiões, representa uma
extraordinária janela de oportunidades para o Linux”, afirma Kevin
Cavanaugh, vice-presidente para a plataforma Lotus da IBM.
A
Canonical quer levar aproveitar o fato de sua distribuição ser
considerada muito amigável ao usuário para entrar nas empresas, tanto
no desktop, quanto nos servidores. Para isso, prepara parcerias e a
oferta de pacotes de software preparados para o ambiente corporativo.
Essas
ofertas incluem, segundo Malcolm Yates, gerente de alianças da
Canonical, uma parceira com a Alfresco, que desenvolve sistemas para
gerenciamento de conteúdo, a inclusão do Zimbra Desktop Client, do
Yahoo, no repositório do Ubuntu e a oferta do Unison, que combina
sistemas de telefonia, e-mail e mensagens instantâneas e é desenhado
para substituir o Microsoft Exchange. Além da parceria com a IBM e o
Lotus.
No Brasil, de acordo com Fábio Filho, gerente de
negócios da Canonical para a América Latina, a empresa está em
negociação para ampliar seus parceiros de negócios e embarcar o Ubuntu
em um número maior de fabricantes. Atualmente, a companhia mantém
acordos com a Dell - mundialmente - e com dois fabricantes do Nordeste,
a Login e a Preview.
Na área de serviços e desenvolvimento, a
Canonical possui, atualmente, apenas uma parceira, com a OneOs, e está
firmando um acordo com o SENAC para treinamento de profissionais.
Mas
a briga da Canonical não será somente com a Microsoft - ou com a
pirataria, que, segundo Filho, é um concorrente ainda mais forte que a
dona do Windows. No mercado de servidores, o Linux tem uma boa presença
e conta com fornecedores de peso, como a Red Hat e a Novel. Mas essas
empresa não conseguiram levar o sistema operacional para fora do data
center.
Segundo o último levantamento feito pela Fundação
Getúlio Vargas, o Linux está presente em menos de 2% dos desktops
corporativos no Brasil, contra 97% do Windows. O número é bem maior nos
servidores, 17%, ante 65% do sistema da Microsoft.
Rodrigo
Missiaggia, arquiteto de soluções da Red Hat, considera que o Linux
está em um bom momento. “Como a substituição do Windows pelo Vista
exige a necessidade de troca do hardware, o Linux pode entrar como uma
solução”, afirma.
Ao contrário da Canonical, a empresa não
possui parceiros OEM para desktops no Brasil - somente para servidores.
“É uma questão de demanda de mercado, mas estamos abertos”, relata
Missiaggia. De qualquer forma, o executivo considera o momento bom para
o Linux ganhar espaço nos desktops corporativos, principalmente por
conta da migração para o Vista.
As principais demandas das empresas, segundo Missiaggia, são de suporte para os sistemas, gerenciamento remoto, possibilidade de rodar sistemas de gestão, impressão centralizada e plataformas de e-mail e mensageria. De acordo com o arquiteto, o mundo open source já possui softwares para todas essas funcionalidades.
COMPUTERWORLD, Rodrigo Caetano com informações da CIO - EUA, 01 de setembro de 2008