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Migrar para o Linux pode representar boa economia para sua empresa
O
Windows Vista foi lançado sob tímidos aplausos, seguidos por vendas
fracas. Até o dia 30 de junho passado, empresas com pouca verba que não
quisessem gastar com upgrade de hardware compatível com o Vista ainda
podiam adquirir o confiável Windows XP.
Mas, agora, o XP está disponível apenas na forma de downgrade
a partir do Windows Vista.
Ou seja, caso você queira usar o sistema operacional antigo, terá de
pagar por uma cópia da versão mais nova e, só então, instalar o bom e
velho XP usando a licença do Vista.
Se isso parece mau uso do precioso orçamento de TI da sua pequena empresa, e você ainda procura uma alternativa para o Windows Vista, você não precisa de nada além do Linux.
A razão? Existem várias: as versões mais recentes são grátis, fáceis
de instalar, e altamente personalizáveis; o Linux tira proveito de seu
hardware disponível sem sobrecarregá-lo; e inclui aplicativos e
utilitários de sobra - claro, todos gratuitos também.
Migrar do Windows para o Linux pode acarretar em alguns gastos com funcionários e suporte técnico necessário para as configurações do novo sistema, além da instalação dos utilitários e aplicativos. Mesmo assim, a economia em futuros upgrades de hardware e software pode ser significativa.
Sem licenças, sem taxas, sem dor de cabeça
Apesar de ser
possível comprar uma versão comercial na caixa do Linux que inclui
suporte, a distribuição do sistema operacional também está disponível
gratuitamente sob as condições de GPL (Gnu Gereral Public
License)
de código aberto. Depois de decidir qual delas se quer usar, pode-se
simplesmente baixá-lo, gravar num CD e instalá-lo em quantos
computadores quiser.
A taxa de licenciamento do programa é zero, contra os cerca de 600 reais por máquina da versão completa do Windows Vista Business Edition. E, além disso, o Linux não tem as solicitações de ativação invasivas da Microsoft.
Além dos diversos
outros aplicativos gratuitos, a maioria das versões do Linux vem
com uma cópia do OpenOffice.org.
Ainda que não seja um substituto nos mínimos detalhes para o Microsoft Office, o OpenOffice.org sem dúvida dá conta do recado – e com uma economia de 1.600 reais por PC em relação ao Office Professional 2007 (versão completa). O pacote fica devendo um equivalente para o Microsoft Outlook, mas quase todos os Linux incluem o gratuito Evolution PIM da Novell.
Algumas aplicações baseadas em Windows, como AutoCAD, não possuem
substitutos no Linux, mas para muitos usuários as (poucas)
funcionalidades que faltam não justificam gastar uma pequena fortuna
por um Windows e um Office. Além do que, se for o caso, basta saber que
vários aplicativos de Windows irão rodar com velocidade normal no Linux
por meio do utilitário Wine incluso
na maioria das versões.
E mesmo para aqueles que não funcionam com o Wine, há mais duas
opções: instalar uma cópia do Windows usando um dos utilitários grátis
de virtualização que existem, como o KVM (baseado no kernel do
Linux) e o VMWare
Server, ou você pode particionar seu HD e ter os dois sistemas –
Linux e Windows – instalados.
Na maioria dos casos, o mesmo disco contém aplicativos para
servidor, incluindo o Apache Web Server, o gerenciador de banco de
dados MySQL, virtualização e suporte para aplicativos CRM de empresas
com a Oracle, Sybase e SAP.
O software de rede Samba emula os recursos de rede do Windows Server
incrivelmente – e de graça – enquanto o Windows Server 2008 custa a
partir de 2 mil reais (por cinco licenças). Dá até pra substituir o
caríssimo Exchange pelo gratuito Zimbra
Collaboration Suite, de código aberto.
Não importa se o Linux em questão é uma distribuição para desktop ou
para servidores. Uma ou outra são reconhecidas por uma característica
importante e que é um dos principais problemas do Windows: segurança.
Isso náão quer dizer que o Linux é magicamente imune a vírus, worms e outros ataques de Internet. O que ocorre é que a grande maioria das ameaças existentes visam o Windows e seus aplicativos - a maioria das ameaças na web têm o Windows como alvo.
Diversos Linux
Duas edições do Linux nunca serão as
mesmas, diferindo principalmente em quão amigáveis são os instaladores,
se incluem versões experimentais de softwares e utilitários e quanto ao
oferecimento de acesso a atualizações.
Os dois gerenciadores de janelas mais populares do Linux (programa
que controla o visual e comportamento da interface gráfica do X Window)
são o Gnome e o KDE. Algumas versões escolhem por
instalar uma ou outra – o Ubuntu
opta pela primeira, por exemplo, e o OpenSuSe, pela segunda.
Em todo caso, você pode instalar ambos (e diversos outros) em seu
sistema e escolher qual usar quando logar. Diversos gerenciadores de
janelas, principalmente o Xfce e o
BlackBox, requerem
menos memória e processamento gráfico do que o Gnome e o KDE,
tornando-os boas escolhas para hardware antigo.
Distribuições mais leves do Linux, como Puppy Linux, reduzem o sistema
operacional a seus elementos mais básicos, dando vida até ao PC mais
ancião.
As versões também diferem em relação à compatibilidade com seu
hardware em particular, principalmente em aparelhos de rede sem fio e
adaptadores de tela.
Talvez a maneira mais fácil de avaliar essa compatibilidade com seu
hardware, sem ter que instalar de fato o Linux, seja baixando, gravando
e inicializando com um live-CD. O Ubuntu,
o OpenSuSe, o Gentoo e centenas
de outras distribuições do Linux vêm em versões live-CD.
Obtenha ajuda se precisar
A realidade sobre suporte com
sistema operacional é que custa muito dinheiro, seja da Microsoft,
Apple, Novell ou Canonical. Uma cópia do Vista vem com 90 dias de
suporte técnico via telefone, e-mail ou chat, contando a partir do dia
que você ativa o produto. Após isso, a Microsoft cobra US$ 90 por
problema.
Versões comerciais do Linux oferecem opções de suporte similares,
porém mais baratas. A
versão de 60 dólares,
empacotada, do OpenSuSe 11.0 vem com 90 dias de suporte de instalação.
Para serviços de longo prazo, escolha o SuSE Linux Enterprise Desktop
(atualmente na versão 10) por 50 dólares anuais.
Ou então vá de Ubuntu e compre um contrato de suporte da fabricante Canonical, por a partir de 250 dólares por ano.
Se você já se vira sem a equipe de suporte da Windows, um ano pode ser o máximo de serviço pago que vai precisar no Linux. Usuários do Ubuntu brincam que buscar por suporte técnico no Google geralmente traz os mesmo resultados do que procurar ajuda nos fóruns da Canonical.
O Linux é diferente do Windows, mas não é nenhum bicho de sete
cabeças. O investimento humano que você faz em largar as custosas
licenças do Windows e do Office pagam por si só rapidamente.
E o mais importante: você estará livre para rodar os softwares de desktop e servidor que quiser, no hardware pelo qual você pode pagar.
PC World, Scott Spanbauer, da PC World/EUA, 14 de julho de 2008