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Para igualar os técnicos do Serpro aos do mercado privado...
Marcos Mazoni, diretor-presidente do Serpro, se perguntou: como lidar com essas comparações, visto que os salários pagos pela iniciativa privada são mais altos, justamente porque os técnicos da iniciativa privada conhecem tecnologias novas?
Mazoni aumentou os salários, criou um sistema que valoriza a tarefa (e não a tecnologia), e montou uma rede de treinamento para que os técnicos se mantenham atualizados, mesmo os que lidam com tecnologias antigas. Mas tudo isso resolvia só parte do problema.
Como os funcionários entram por concurso, Mazoni não sabe se as tarefas são realizadas pela pessoa com o melhor perfil. Ele imagina que, numa empresa com 11.500 funcionários, cada função importante para o Serpro poderia ser cumprida por um doutor naquela função. O desafio, diz Mazoni, é colocar cada funcionário em projetos nos quais eles são especialistas, e dos quais eles gostam.
... Mazoni cria gestão de pessoas inspirada no software livre.
Para isso, Mazoni abriu uma espécie de rede social na intranet, onde publica as vagas abertas a cada projeto: funcionários de qualquer área podem se candidatar. Se o comitê de gestão do Serpro aprovar, o candidato fica livre para ocupar a vaga para a qual se candidatou — até que o projeto termine.
É uma forma de gerenciar os conhecimentos de uma empresa como o Serpro, diz Mazoni. “Estamos trazendo a lógica do mundo do software livre, no qual as pessoas cumprem tarefas por prazer.” Alguns projetos já incluem funcionários de outras áreas, mas a movimentação deve aumentar em 2010, pois Mazoni vai a todas as regionais do Serpro para falar sobre o projeto. “Ele altera a hierarquia, pois os chefes não são mais donos do trabalho.” O Serpro pretende virar uma rede de “responsabilidades cruzadas”.
Para uma empresa de 45 anos, diz Mazoni, o Serpro está sendo bem moderno com essa ideia de trabalho cooperado.
TI & Governo, 4 de novembro de 2009