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Paraná Wireless: cidades digitais, software livre e inclusão
Uma descoberta interessantíssima foi o Expresso, uma espécie de “Outlook livre” que muitos órgãos de gestão pública utilizam. Eu já tinha ouvido falar, mas achava que era algo que estava mais próximo do Thunderbird. Na verdade, é bem mais que isso. Representantes do Serpro e da Celepar, que palestraram, mostraram como funciona e como é usado por eles.
O Expresso tem agenda, contatos, tarefas, email (com push) etc. É totalmente online, e funciona inclusive via celular, através de uma interface limpa, o Expresso-mini. O Expresso tem ainda mensageiro instantâneo e até VoiP incorporado — o pessoal do Celepar usa uma funcionalidade onde, ao clicar na foto de um contato, ele imediatamente telefona para a pessoa. A comunidade Expresso Livre está aprimorando constantemente a solução. No momento, estão se dedicando ao Expresso em nuvem e no desenvolvimento de uma interface para cegos.
Quero deixar bem claro aqui que defendo a liberdade de escolha no que tange a sistemas operacionais e software. Não importa se gratuitas ou pagas. Contudo, no setor público, considero obrigatória a adoção de ferramentas livres. Não só para poupar o dinheiro do contribuite, mas porque esses setores tem condições de criar comunidades e aprimorar as soluções, beneficiando indiretamente uma grande quantidade de brasileiros.
Fiquei muito satisfeita em ver como o Paraná está adiantado na questão da inclusão digital e do software livre no setor público. A Copel e a Celepar estão num esforço conjunto de promover a expansão da banda larga no interior. Uma das iniciativas mais interessantes é a dos Telecentros. O estado cria espaços acessíveis (inclusive para cadeirantes e indígenas) onde a população tem acesso à rede gratuitamente. A prefeitura indica uma pessoa para ser monitor, e ela é treinada em Linux, Firefox e BrOffice. Sim, todas as máquinas são equipadas apenas com soluções livres. A prioridade está nos municípios de baixo IDH, onde a necessidade da inclusão digital é mais urgente. As pessoas passam não só a ter mais acesso à informação e ao conhecimentos, mas a exercer sua cidadania, acessando sites de serviços públicos para tirar 2a via de documentos, fazer currículos, pleitear empregos etc, tudo com a devida orientação. O projeto biblioteca cidadã é uma iniciativa parceira, objetivando incentivar a leitura nas regiões mais carentes do estado. Sugiro que visitem o site http://telecentros.pr.gov.br para conhecer todo o projeto com detalhes. Lá também tem informações sobre o treinamento de monitores e apostilas ensinando o uso básico de softwares livres como Ubuntu, OpenOffice, etc.
Há muito mais e ser dito sobre cidades digitais, mas aqui por escrito não tem a menor graça… Estou preparando um Podsemfio só com cases interessantes, aguardem. E, se alguém do Serpro ou da Celepar estiver lendo esse post, escreva-me para gravarmos o podcast juntos!
Bia Kunze