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Software proprietário também mata
Imagine-se na seguinte situação: você fuma e está com câncer no pulmão causado pelo vício. Mesmo doente, você não consegue parar. Agora, transfira esta dependência ao mundo da tecnologia e sinta-se preso a um monopólio praticamente imposto e do qual você não vê saída. Este é o principal ponto de reflexão da palestra “O Ministério da Saúde Mental Adverte: Onde há fumaça de trabaco é fogo”, apresentada nesta sexta-feira, 29, no Consegi 2008.
Durante a apresentação, o engenheiro de computação e atual secretário da Fundação Software Livre América Latina – FSFLA, Alexandre Oliva, comparou a indústria de software à indústria de tabaco.
Mal à saúde
Ao abordar características polêmicas e comuns aos dois mercados, ele mostrou como a dependência pode causar malefícios às vidas das pessoas: com um cigarro na boca ou à frente de um computador. “Se você fuma, o perigo é morrer de câncer ou ter um enfisema pulmonar”, diz. “Se você está viciado num determinado sistema operacional proprietário, ele não estará totalmente adequado às suas necessidades. Isto levará ao stress e, consequentemente, você terá sérios problemas de saúde à longo prazo”, completa.
Segundo Oliva, outro ponto de coincidência entre o tabaco e o software proprietário é o seu caráter escravizante. “Quando se está viciado, não há escolha. Você não pensa, apenas segue vivendo”, afirma Alexandre. “Com isso, suas decisões estão restritas às vontades de um monopólio que não se interessa pelo seu bem-estar, mas pelo lucro que você pode gerar”, explica.
Além disso, Alexandre comparou a característica “fechada” dos produtos. “Nos dois casos, não há informações suficientes para saber o que faz parte do resultado final”, salienta. “Até hoje não há consenso com relação aos malefícios causados pela nicotina ou pelo alcatrão. E nem se sabe o quanto é adicionado de cada um”, lembra. “Com relação ao software proprietário, é a mesma coisa. Você não conhece o código e, portanto, não tem como saber o quanto ele é seguro”, finaliza.
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Comunicação Social do Serpro - Brasília, 29 de agosto de 2008