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TV Digital para todos
A melhoria da qualidade de som e imagem, formação de novos modelos de negócio, indústria de conteúdos, interatividade e, principalmente, inclusão social foram alguns dos temas que vieram à tona durante o debate sobre TV Digital realizado na última sexta-feira, durante o Consegi.
O secretário Nelson Fujimoto fez um panorama sobre TV Digital no Brasil, adotada em 2006, no Sistema Japonês ISDB-T que oferece alta definição, TV móvel, interatividade e simulcast (fase de transição do analógico para o digital). A estimativa do secretário é que existam 15 milhões de receptores de sinais digitais até o fim deste ano. Outra oportunidade lembrada pelo secretário, e que deverá impulsionar a adoção de TVs digitais, será a Copa do Mundo do Brasil e as Olimpíadas 2016. Estima-se a adoção de 40 milhões de aparelhos de TV digital.
Um ponto estratégico para o governo na questão da TV Digital é o fortalecimento da TV pública. “Vamos aproveitar a melhoria da qualidade da imagem, som e difusão para aumentar a penetração da TV pública, atingindo uma cobertura de 120 milhões de habitantes com multiprogramação, serviços e interatividade”, explicou Fujimoto.
O assessor especial da Casa Civil, André Barbosa, enfatizou a importância dos veículos de radiodifusão como instrumento de transformações, devido ao seu alcance. “Temos que manter e financiar a única estrutura de informação pública e gratuita que é a televisão e o rádio”. André também apontou a TV pública como a peça fundamental deste processo. “Muita gente ainda não tem acesso à internet, mas quase todo mundo tem televisão. Então será mais simples as pessoas se habituarem a usar o controle remoto para acessar serviços. Caberá à TV Pública ser a vanguarda desta interatividade. Por isso é preciso financiamento do governo na radiodifusão, pois o modelo atual da televisão é linear, ainda não existem modelos de negócio para a TV digital”, acrescentou.
A professora da Universidade Católica de Brasília, Cosette Castro, disse que há uma mudança de paradigma sobre o próprio papel da televisão, muito criticada por alienar as pessoas: “Com a TV digital, o telespectador não é mais passivo. Temos a oportunidade histórica de sermos produtores de conteúdo através das universidades, pequenas produtoras, comunidades, TV pública etc...”. Outra mudança apontada pela professora é a de linguagem. “A TV digital não é só imagem. É texto, áudio, vídeo, dados”, informou. Cossete também destacou a importância do meio acadêmico aderir à transdisciplinaridade para desenvolver o tema. “É uma mudança cultural e de mentalidade. As áreas de TI, design, ciências da computação, comunicação e educação devem trabalhar juntas. Devem criar ementas e disciplinas comuns”, concluiu.
O professor da PUC Rio, Luiz Fernando Soares, falou das dificuldades que a academia vem sofrendo com a falta de verbas, mas que mesmo assim está produzindo soluções como o Ginga Brasil, um middleware aberto do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). O Ginga é constituído por um conjunto de tecnologias padronizadas e inovações brasileiras que o tornam a especificação de middleware mais avançada e a melhor solução para os requisitos do país. Luiz Fernando apresentou dados sobre a exclusão digital, em que 55% da população não tem acesso à internet, e, por isso, acredita que a TV é um meio complementar de inclusão digital, mas não o único. Em segundo lugar, destacou: “Incluir não é só dar o acesso à informação, não basta apenas ensinar o cidadão a acessar serviços do governo digitalmente, mas também dar conhecimento sobre como produzir, gerar e distribuir conteúdo que transforme sua realidade e de sua comunidade”.
Luis Fernando anunciou que a PUC irá ministrar oficinas para utilização do Ginga por agentes multiplicadores - pessoas oriundas de pontos de cultura, como escolas e telecentros - para que estes levem e apliquem conhecimento na sua região, apoiados pelas universidades locais. Já existem atualmente mais de 20 mil participantes na comunidade Ginga.
O coordenador-geral de Serviços e Programas de Computador da SEPIN/MCT, Antenor Correa, reforçou a importância do Ginga dizendo que o governo deve ser proativo nesta questão e ser cobrado pela sociedade. Outro ponto ressaltado por Correa são projetos de cooperação com outros países, pois a política de TV digital do Brasil será uma referência para a América Latina e África. “Deve haver uma cooperação com o Japão no que tange à pesquisa e desenvolvimento do sistema, e com a América Latina para aprimorar cada vez mais o Ginga”, concluiu.
Comunicação Social do Serpro - Brasília, 16 de maio de 2011