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Vai mesmo morder a isca?
Se a internet é uma grande rede, os fornecedores de serviços online são os pescadores, loucos para lançar suas iscas e capturar os usuários. E as iscas, segundo o conselheiro da Fundação Software Livre América Latina Alexandre Oliva, são os softwares e os servidores proprietários que não respeitam a liberdade e a privacidade do internauta. “Será que usar servidores de terceiros é uma boa opção? Estamos, por exemplo, estudando como criar nuvens que não pertençam a determinadas empresas privadas, mas que estejam descentralizadas nos computadores de diversas pessoas. Precisamos pensar na conveniência de usar as nuvens, mas que elas assegurem a privacidade, a liberdade e o controle pelo usuário”, destacou Oliva, durante palestra no III Congresso Internacional Software Livre e Governo Eletrônico (Consegi 2010).
Usando analogias para explicar sua ideias, o palestrante continuou: “Você deixaria suas 'crias' sem saber se o lugar é seguro para elas?”, perguntou Oliva. “E para encontrar boas soluções, é preciso sair da situação cômoda de não fazer nada no aquário e nadar para longe dos perigos. Assim, apesar de sermos considerados peixes para a grande rede, poderemos até voar”, comparou Oliva, que também é engenheiro de computação e mestre em ciências da computação pela Unicamp.
Quanto vale?
“Nossos dados não podem ser considerados como commodities. Já imaginou colocar suas informações numa nuvem que não seja de uma empresa confiável, ela sumir com esse conteúdo e cobrar para recuperá-lo? Quanto valeria o quilo de terabyte de seus dados?", brincou o matemático e professor do Departamento de Ciência da Computação da UnB Pedro Rezende.
A palestra foi cheia de metáforas descontraídas, mas a intenção era provocar o debate sobre um tema que merece uma reflexão séria. “Ser livre não é só retirar um ou dois anzóis. Temos que tirar todos os anzóis, precisamos ser capazes não só de executar um programa, mas de estudar seu código, melhorar suas funcionalidades e compartilhá-las com todos. Dessa maneira não é o software que se torna livre e sim, você”, enfatizou Oliva. “Temos que induzir o mercado a pensar assim, por isso, nada melhor que parar de morder as iscas escondidas nos softwares proprietários”, concluiu ele.
Notícias Consegi
Confira a cobertura completa do Consegi 2010. Acesse www.consegi.gov.br/comunicacao.
Comunicação Social do Serpro - Brasília, 20 de agosto de 2010